sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sobre o olhar para o vazio

Quando o ruído mental cessa, quando os estímulos externos estão fracos, quando não há nada além da cabeça no travesseiro, nos poucos minutos antes do sono chegar é que o vazio bate na porta da alma. Neste momento, todas as feridas doem, toda a falta de sentido é percebida, é o abismo olhando para você, sempre à espreita, sempre na esquina, esperando o seu deslize para que você o preencha e sucumba em seu interior.
Tantas perdas, tanta incompreensão, tanta superficialidade, tanta fugacidade, tanta distância, tanto desamor, tanto descomprometimento, tanto estranhamento. O outro nunca vai te satisfazer, no entanto,é através do seu olhar que nos constituimos. O individualismo e a independência combatem a frustração que o outro lhe causa, quanto menos precisamos do outro, menos dependentes e frustrados ficamos. É possível nos bastarmos sozinhos? Lembro de ler que as lembranças dos melhores momentos são sempre a dois. Em qual sentido correr? No de auto preservação ou no de entrega? O outro frustrador que nunca satisaz os desejos porque, simplesmente, é o outro e não nasceu para isso porque é o senhor dos seus próprios desejos. A única aparente solução é a convergência de desejos ou compensação pela concessão mútua alternada.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Motivações literárias

Uma vez li uma reportagem que dizia que não havia ligação entre a angústia existencial e a literatura. Hahaha. Não me sinto motivada a refletir sobre a existência quando estou existindo satisfatoriamente e plenamente. A escrita é uma válvula de escape porque o espaço criativo literário é uma voz para a sua consciência. Também entendo que há o prazer em escrever mas quando algo na minha vida me incomoda, a reflexão é um grande refúgio e é através das palavras escritas que me expresso melhor do que através das palavras ditas. As palavras escritas não são tão carregadas pelas tintas dos afetos, pelo tom de voz, pela expressão corporal e facial, pelo embate oral, talvez ache-as despersonalizadas e talvez um pouco pálidas. A palavra agride, acolhe, constrói e desconstrói mundos. No início era o verbo. É realmente..

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Invasores de mentes

Estava pensando em como a sociedade impõe a você os pensamentos que surgem na mente.
Por exemplo, nas últimas semanas não se pensou em outra coisa a não ser sobre o Haiti. A contagem do número de mortos, o controle do espaço aéreo, o vudu. E se eu simplesmente não estiver interessada neste assunto. Não entendo o poder da mídia de escolher o assunto mental coletivo. E se você não lê jornal, você é um alienado.
Alienado é quem lê jornal, vê jornal nacional e "sabe" todos os assuntos que quiseram que você pensasse sobre e do ponto de vista dos colunistas dos editores dos jornais e revistas. Ninguém cria nada. Só se replicam as informações e passam os dias e mais informações surgem. Quem são os editores dos jornais e telejornais para fazerem um filtro dos fatos e dos assuntos que ocorrem no mundo e que merecem ocupar a minha mente? As pessoas só falam sobre as mesmas coisas. Replicam as opiniões alheias. Mas existe algo pior que é o social, esse sim invade a sua mente, e exige a conformidade de conduta. Pense e aja em conformidade ou seja segregado. Você tem que desenvolver uma blindagem mental para transitar no mundo e não permitir que a sua mente seja invadida por idéias pré-concebidas e por assuntos que não te interessam. Não, não quero saber quanto foi o Fla Flu. Não, não quero saber quem é a rainha da bateria da Portela. Não, não quero saber que a Grazi é a protagonista da novela das oito. E o pior, não quero saber e sei.